Juntos Vivemos Melhor
Buscando uma alternativa para ir contra essa “solidão” da selva de pedra, os moradores de um prédio estão recriando a vida como nas cidades do interior.
João Guilherme, 32 anos, mora em um apartamento de 42 metros quadrados em São Paulo há um ano e meio. Morando sozinho, João não apenas melhorou a relação com os pais, mas descobriu um novo mundo ali mesmo no prédio, onde 80% dos moradores moram sós.
“A galera ficou ‘brother’ muito rápido, e se formou uma galera, aí o pessoal desce para a piscina, combina de sair junto. E aí começaram a nascer outras coisas, por exemplo, tem um cara aqui, o Paulo, um dos vizinhos, o cara tem uma geladeira cheia de cerveja, cerveja e outras coisinhas. Você liga pro cara e manda uma mensagem e o cara vem e te entrega”, conta João.
“É o meu trabalho agora. Fiquei desempregado no ano passado, o pessoal aqui já vendia coisa quando eu mudei. Falei, ‘ah, vou aproveitar a oportunidade’”, conta Paulo, que é exceção no prédio dos sozinhos. Mora com o companheiro e um amigo.
Apesar da curtição, a vida independente exige uma série de obrigações, João Guilherme está aprendendo mas se ele precisar, tem a chefe de cozinha Letícia, apenas três andares abaixo. Ela é a salvação de muitos vizinhos. Prepara marmitas, que vende ali mesmo no prédio.
A rotina de Letícia é bem pesada: Ela sai à meia noite do trabalho no restaurante de um hotel. Dependendo dos pedidos dos vizinhos, ela faz as compras durante a madrugada e cozinha até a manhã do dia seguinte.
Mas essa onda da “boa vizinhança” também pode ser uma boa oportunidade de negócio. A empresa Feira Premium, criada por Rafael Pinto Silva, 33, em São Paulo, organiza feiras livres dentro de condomínios fechados, exclusivas para seus moradores. Além das barracas tradicionais de frutas, verduras e pastel, também existem outras opções, como churrasco, chope e sorvete frito.
De segunda a sexta-feira, as feiras eles funcionam das 17h às 21h, para atender quem chega mais tarde em casa. No final de semana, o horário é das 10h às 14h. Para montar a empresa em 2008, o investimento inicial foi de R$ 70 mil. No ano passado, o faturamento foi R$ 100 mil, e o lucro, R$ 30 mil.
"A ideia surgiu após participar de uma feira de artesanato com minha barraca de massas, salgados e queijos em um condomínio fechado. Então, fui atrás de feirantes parceiros que ofereciam outros tipos de produtos e negociei com o com o síndico do local. Foi um sucesso e comecei a montar em outros condomínios", relata Silva, que ainda participa das feiras com sua barraca.
A empresa tem cerca de 80 feirantes parceiros. Cada um paga por feira uma taxa que varia de R$ 40 a R$ 80 (o valor depende do tamanho da barraca e do tipo de negócio). O feirante parceiro pode participar de quantas feiras quiser.
A empresa tem mais três sócios e teve um crescimento significativo. No ano passado atendia 38 condomínios e hoje atua em 62 condomínios na capital paulista, na Grande São Paulo e em algumas cidades do interior do Estado de São Paulo, como Jundiaí, Sorocaba, Atibaia, Campinas e Paulínia.