Vizinhos se unem no Whatsapp para garantir segurança
O combinado é que cada integrante vigia o quarteirão em que mora, troca informações sobre ocorrências no local e, dependendo do caso, chama a polícia. O aplicativo tem servido também para cobrar das prefeituras regionais melhorias como poda de árvores e aumento de iluminação pública.
Moradores dos bairros Santa Felicidade e Uberaba, em Curitiba, criaram o grupo “SOS Santa Felicidade”, mas o coordenador precisou estabelecer algumas regras para que correntes de redes sociais e mensagens de “bom dia” não prejudicassem a transmissão de pedidos de socorro ou de alertas. “Somente informações relacionadas à segurança do bairro podem ser divulgadas ali. Assim, quando chega uma mensagem no grupo, o pessoal já sabe que é algo importante e dá atenção ao que está escrito ali”, explica o estudante de Direito e responsável pelo grupo, Bruno Lucca, 26.
Em São Paulo, um dos grupos mais ativos é o da Rua Aureliano Leal, na Água Fria, na Zona Norte, com 36 participantes. Desde o seu lançamento, em setembro, a via não registrou nenhum assalto. Furtos de veículos e roubos no comércio também diminuíram nas imediações. Antes, eram cinquenta casos por mês.
Hoje, são quatro, em média. Empenhados, os integrantes penduraram uma faixa que comunica que a rua é monitorada pela Vizinhança Solidária (um programa da Polícia Militar que visa a auxiliar os moradores a se unir para prevenir crimes) e montaram um sistema de apitos para quem não tem smartphone.
“Se alguém vê uma movimentação em seu quintal, por exemplo, deve apitar para chamar a atenção da casa ao lado”, afirma a professora Jocí Bittencourt, 54 anos, que vive ali há 51.
Segundo os moradores, as informações repassadas pelos grupos ajudaram a identificar pessoas com atitudes suspeitas para que os vizinhos pudessem tomar cuidado, aumentando a sensação de segurança.
O recurso ajuda, mas não faz milagre, evidentemente. Na Vila São Francisco, também em São Paulo, a maior sensação de segurança não se refletiu ainda na queda dos índices de criminalidade do bairro como um todo. A ocorrência de furtos e roubos no lugar aumentou 6% em janeiro, em comparação ao mesmo período de 2016, segundo dados do governo estadual.